Uma
reportagem exclusiva, publicada na edição deste final de semana da
revista Isto é,revela que a principal organização criminosa do país, o
Primeiro Comando da Capital (PCC), instalou-se no Ceará, e nas eleições
de outubro próximo, pretende financiar a eleição de 10 prefeitos e 50
vereadores.
Leia abaixo a reportagem na íntegra:
Em nenhuma capital brasileira, a juventude corre mais risco que em
Fortaleza. O número de assassinatos na faixa etária de 16 e 17 anos
supera a de países em guerra. Nos indicadores gerais de violência, a
capital cearense ocupa o vergonhoso 12° lugar entre as piores cidades do
mundo para se viver. A deterioração da segurança pública é mais que o
resultado de uma década de fracasso do governo cearense na gestão de
segurança pública.
O Ceará virou a offshore da principal organização criminosa em atividade
no Brasil, o PCC. O sinal mais evidente da importância do Ceará nas
operações do grupo era que o controle da quadrilha no Estado estava nas
mãos de Alejandro Herbas Camacho Junior, irmão caçula de Marcos Willians
Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC. Alejandro Herbas foi preso em
março pela Polícia Federal. Considerado o “CEO” da organização, Herbas é
o principal nome depois de Marcola.
Além de cuidar de perto dos negócios na Região Nordeste, ele dava as
cartas em todas as ações do PCC nos demais Estados. Segundo os
investigadores cearenses, ele coordenava uma intrincada rede de empresas
de fachada usadas para lavar a fortuna originada do tráfico de drogas,
assaltos a bancos e das mensalidades cobradas dos presos – hoje
estipulada em R$ 750. Até ser preso pela PF, há três meses, Herbas viveu
uma vida de fausto no Ceará. Tinha mansões em alguns dos principais
cartões-postais do Ceará: a praia de Porto das Dunas, no município de
Aquiraz, na idílica Cumbuco, em Caucaia, e em Lagoinha, na cidade de
Paraipaba. Nada menos que 40 policiais militares trabalhavam em sua
segurança pessoal.
As investigações apontam para as novas ambições do PCC. Os policiais
envolvidos no monitoramento da organização descobriram que a quadrilha
tem aspirações políticas. Sob as ordens de Herbas, o PCC trabalha para
eleger 10 prefeitos e 50 vereadores no Ceará. Com a proibição do
financiamento por empresas privadas, o PCC se projeta como uma
importante força para irrigar as campanhas. As conversas da quadrilha
foram relatadas à polícia por fontes infiltradas na organização.
Os alvos do PCC são as disputas pela prefeitura de Mombaça, Caucaia e
Itatira. A primeira delas é por razões afetivas. O irmão de Marcola
morou na cidade. A segunda é a jóia da coroa. Com a segunda maior
população do Ceará, Caucaia é vista pela organização como estratégica. A
polícia não identificou quem é o candidato do PCC. Atualmente, as
pesquisas apontam a liderança do deputado estadual Naumir Amorim (PMB).
O parlamentar apresenta uma folha corrida de 148 processos, entre os
quais dois por homicídio. O clima político em Caucaia está tão
conflagrado que nos últimos meses os opositores a candidatura de Amorim
têm sofrido uma série de ameaças. O coordenador de campanha do PSDB,
Marcos Correa, foi alvo de três tentativas de sequestro em 60 dias. Para
o delegado Jurandir Braga Nunes, a violência não tem conexões com
crimes comuns.
“Esses atentados não são assaltos. São obra do PCC”, afirma. Em outra
cidade, Itatira, a polícia acompanha as movimentações do PCC para lançar
a candidatura de um dos irmãos de Jussivan Alves, o Alemão, que em 2005
comandou o assalto ao Banco Central em Fortaleza. Para Francisco Carlos
Crisóstomo, chefe do Departamento de Inteligência Policial(DIP), da
Polícia Civil do Ceará, não há dúvidas de que as candidaturas serão
financiadas pelo PCC.
Via: João Moacir.
Evandro Lopes.
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