Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, maior liderança do
Primeiro Comando da Capital (PCC) nas ruas, foi assassinada em uma
suposta emboscada na reserva indígena de Aquiraz, a 30 quilômetros de
Fortaleza, no Ceará. Com Gegê, também foi encontrado morto Fabiano Alves
de Souza, o Paca. O Ministério Público do Estado de São Paulo suspeita
que o crime tenha sido motivado por disputas internas da facção.
As mortes teriam ocorrido na madrugada de sexta-feira (16/2) e os corpos
foram encontrados na manhã seguinte. Testemunhas relataram à polícia
cearense que um helicóptero pousou na região e logo depois foram ouvidos
uma sequência de disparos. Investigadores paulistas acreditam que tenha
sido montada uma emboscada contra Gegê e Paca.
Os corpos só foram identificados horas depois, mas a mensagem se
espalhou rapidamente pelo sistema prisional paulista dando conta da
morte de Gegê.
Duas hipóteses principais estão sendo consideradas para o caso. A
primeira, apontada por integrantes do Grupo Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco) do MP de Presidente Venceslau, no interior de São
Paulo, é que a morte de Gegê tenha ocorrido em represália ao assassinato
Edilson Borges Nogueira, o Biroska, que aconteceu em 5 dezembro na
Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Ele possuía funções na Sintonia
Final, cúpula da facção, e foi morto a golpes de estilete.
Outra possibilidade é que, na rua, Gegê estava ganhando mais poder do
que os líderes presos do PCC desejavam. “Acredito que o Gegê tenha
crescido demais e agiram para cortar essa liderança. Na rua, era o
membro mais forte que o PCC tinha”, disse o procurador de Justiça do MP
paulista Márcio Sérgio Christino, que atuou em investigações contra o
PCC na década de 1990 e nos anos 2000.
Ele é autor do livro Laços de Sangue, a história secreta do PCC, e diz
que ações como essa permeiam a história da facção. “Quando isso
acontece, a parte vencedora já tem tudo preparado. A morte não é o
início de algum plano, é o final, a sua concretização”, disse.
Acreditava-se que Gegê estava comandando negócios do PCC atuando fora do
País, principalmente na Bolívia e no Paraguai. “Essa é a hipótese mais
provável. Ele não estava no Ceará, mas foi levado para lá”, disse
Christino. Em fevereiro do ano passado, a Justiça expediu alvará de
soltura em favor de Simone em razão da demora no julgamento de um caso
de assassinato.
No mês seguinte, ele seria condenado a 47 anos, e desde então era
considerado foragido. Ele respondia a pelo menos 11 processos por
homicídio, formação de quadrilha e tráfico de drogas, entre outros
crimes.
A soltura do acusado havia sido obtida porque em nenhum dos outros
processos a que responde houve decreto anterior de prisão provisória.
Antes da decisão no processo de Presidente Venceslau, a defesa de Gegê
já havia conseguido reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão
relativa a outra acusação de homicídio, que foi cometido em 2004 na
favela do Sapé, no Rio Pequeno, zona oeste de São Paulo. Ele, em
parceria com Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, são acusados de
ordenar, por celular, um duplo homicídio.
Fonte: Agência Estado
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