
Paiva
Netto
Meu artigo de hoje visa colaborar na
prevenção contra o crack, terrível droga que lamentavelmente se alastra pelo
país. De acordo com a pesquisa de 2012, divulgada pela Confederação Nacional de
Municípios (CNM), o consumo do crack
disseminou-se por todas as classes sociais.
Pari
passu
com as políticas públicas e os cuidados médicos aos usuários em sua luta contra
a dependência química, não se pode deixar de lado a devida valorização da
família — a atenção dos pais e responsáveis com as companhias de seus filhos e
a imprescindível presença da Espiritualidade Ecumênica no diálogo entre pais e
filhos.
Nos idos de 1980, apresentei, na Super Rede
Boa Vontade de Comunicação, “Carta de um filho para o pai”, publicada em O Imparcial, de Monte Alto/SP. Nela, um
jovem de 19 anos, usuário de entorpecentes, escreve um bilhete de adeus ao seu
pai. Diante da comoção dos ouvintes, providenciei que o texto fosse impresso em
diferentes idiomas.
É indispensável o esclarecimento dos
familiares. Nas passeatas e panfletagens, em conferências, na rádio e na TV, os
orientamos a prestar maior atenção ao cotidiano dos filhos, suas amizades,
dúvidas, ambientes que frequentam.
Tóxicos:
“Carta de um filho para o pai”
“Acho
que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério. Não sei como
meu pai vai receber este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é
tempo. Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o
senhor. Sinto muito, mesmo... Sabe, pai, está em tempo de o senhor saber a
verdade de que nunca desconfiou. Vou ser breve e claro, bastante objetivo.
“O
tóxico me matou. Travei conhecimento com meu assassino aos 15 anos de idade. É
horrível, não, pai? Sabe como conheci essa desgraça? Por meio de um cidadão
elegantemente vestido, bem elegante mesmo, e bem-falante, que me apresentou ao
meu futuro assassino: a droga.
“Eu
tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio, dizendo que
eu não era homem. Não é preciso dizer mais nada, não é, pai? Ingressei no mundo
do vício.
“No
começo foi o devaneio; depois as torturas, a escuridão. Não fazia nada sem que
o tóxico estivesse presente. Em seguida, veio a falta de ar, o medo, as
alucinações. E logo após a euforia do pico, novamente eu me sentia mais gente
do que as outras pessoas, e o tóxico, meu amigo inseparável, sorria, sorria.
“Sabe,
meu pai, a gente, quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus
eu achava cômico. Hoje, no leito de um hospital, reconheço que Deus é mais
importante que tudo no mundo. E que sem a Sua ajuda eu não estaria escrevendo
esta carta. Pai, eu só estou com 19 anos e sei que não tenho a menor chance de
viver. É muito tarde para mim. Mas, ao senhor, meu pai, tenho um último pedido
a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece. Diga-lhes
que em cada porta de escola, em cada cursinho de faculdade, em qualquer lugar,
há sempre um homem elegantemente vestido e bem-falante que irá mostrar-lhes o
futuro assassino e destruidor de suas vidas e que os levará à loucura e à
morte, como aconteceu comigo. Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja
tarde demais para eles.
“Perdoe-me,
pai... já sofri demais, perdoe-me também por fazê-lo padecer pelas minhas
loucuras.
“Adeus,
meu pai.”
Algum tempo após escrever essa carta, o jovem
morreu.
Cuidar
bem da juventude
Eis por que fraternalmente advertimos:
Cuidemos bem de nossa juventude, como o faz a Religião de Deus, do Cristo e do
Espírito Santo, porque a nenhum de nós interessa ter amanhã uma pátria de
drogados, bêbados e frustrados. Queremos, isto sim, uma geração, uma
civilização de homens e mulheres, jovens e crianças honrados, realizadores no
Bem, amantes da Paz, da Verdade e da Justiça. É por isso que a Religião Divina
trabalha incessantemente. Se o mundo quiser evoluir, precisa, antes de tudo,
preparar a geração que surge, com o que tiver de melhor, e confiar mais nela.
Já é tempo.
A propensão dos jovens é
acreditar e batalhar pelo futuro. Graças a Deus! Ainda bem!
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e escritor.
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