Comunidade teve origem no século 19, quando algumas famílias deram início à ocupação da área, que fica em Pedro Avelino.
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Incra reconhece Comunidade Quilombola Aroeira (Foto: Incra/RN ) |
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
reconheceu como território quilombola a Comunidade Aroeira, localizada
no município de Pedro Avelino, na região central potiguar. O território,
reivindicado por 37 famílias, tem uma área de aproximadamente 530
hectares e está localizado acerca de 160 quilômetros de Natal. A
Portaria foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 23 de
maio.
A Comunidade Aroeira iniciou seu processo de reconhecimento oficial
como comunidade quilombola em fevereiro de 2006, quando enviou uma carta
ao Incra/RN solicitando a regularização de seu território. No mesmo
ano, a comunidade foi incluída no cadastro da Fundação Cultural Palmares
e foi aberto processo de regularização fundiária do seu território
junto ao Incra.
De acordo com informações do Relatório Antropológico, a comunidade
quilombola Aroeira teve origem no século XIX, quando algumas famílias
deram início à ocupação da área. Foram identificados fortes laços de
parentesco e manifestações culturais que foram transmitidas entre
gerações.
“A Portaria oficializa perante o Governo e a sociedade brasileira o
Território Quilombola de Aroeira, encerrando as fases de contestações e
possíveis alterações. Este ato garante mais segurança jurídica para os
quilombolas, no que tange à demonstração de seu domínio sobre aquelas
terras e também para proposição e adesão a projetos de desenvolvimento.
Além disto, é mais um ato que ajuda a tirar estas comunidades da
invisibilidade social e estatal”, afirmou o superintendente do Incra/RN,
José Leonardo Guedes Bezerra.
Próximos passos
Os próximos passos no processo de regularização do território da
comunidade quilombola Aoreira, de acordo com o antropólogo André Garcia
Braga, do Serviço Quilombola do Incra/RN, são a publicação do decreto de
desapropriação da área pela Presidência da República e sua posterior
avaliação pelo Incra, para que seja definido o valor da indenização
devida ao proprietário do imóvel onde está inserida a área reivindicada
pelas famílias de Aroeira.
Após a desapropriação, o Incra será imitido na posse do território
delimitado e será concedido um título coletivo e inalienável de
propriedade à comunidade em nome de sua associação dos moradores.
Com a regularização do território, serão implementadas ações visando à
autonomia da comunidade, como a emissão de Declarações de Aptidão ao
Pronaf (DAPs) para quilombolas e o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Processo de regularização
No Rio Grande do Norte, existem cerca de 60 comunidades remanescentes
de quilombos, de acordo com estudo da Fundação Cultural Palmares (FCP).
Destas, 22 se reconheceram como tal. Atualmente 20 comunidades
encontram-se com ação em tramitação no Incra/RN com processo de
reconhecimento, demarcação e regularização de áreas quilombolas.
Além de Acauã, Jatobá e Boa Vista dos Negros, outras seis comunidades
quilombolas estão com os processos de regularização de seus territórios
em estágios avançados: Capoeiras (em Macaíba), Aroeiras (Pedro Avelino),
Nova Descoberta (Ielmo Marinho), Pavilhão e Sítio Grossos (Bom Jesus) e
Macambira (Lagoa Nova).
As comunidades quilombolas são grupos étnicos predominantemente
constituídos pela população negra rural ou urbana, que se autodefinem a
partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a
ancestralidade, as tradições e práticas culturais.
Para terem seus territórios regularizados, as comunidades devem
encaminhar uma declaração se identificando como quilombolas à Fundação
Cultural Palmares – que expedirá uma Certidão de Autorreconhecimento – e
encaminhar ao Incra uma solicitação de abertura do processo de
regularização.
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Comunidade Quilombola de Sibaúma, no litoral Sul potiguar (Foto: Lucas Cortez/G1) |
G1 RN.
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