Denúncia foi aberta na 1ª instância por recebimento de propina para auxiliar OAS na obra da Arena das Dunas, em Natal. Pelo mesmo caso, senador já é réu no STF. Empresário Léo Pinheiro também foi denunciado.
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O senador José Agripino (DEM-RN) fala durante sessão para votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, em Brasília (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado) |
O Ministério Público Federal (MPF) entrou na Justiça Federal do Rio
Grande do Norte com uma ação de improbidade administrativa contra o
senador José Agripino (DEM) e o empresário e ex-presidente da OAS, José
Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro. Segundo a
denúncia, o senador recebeu quase R$ 1 milhão em propina em troca de
auxílio à empreiteira, responsável pela construção do estádio Arena das
Dunas, para a Copa de 2014, em Natal. A obra teria sido realizada com
preço superfaturado em R$ 77 milhões.
Por esse mesmo caso, o senador já é réu no Supremo Tribunal Federal,
onde foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A
denúncia foi recebida em dezembro do ano passado. Depois disso, os autos
foram remetidos à Procuradoria da República no estado, para as
providências no âmbito civil. Agora, o parlamentar foi denunciado por
improbidade administrativa em primeira instância.
Em nota, o senador José Agripino negou a prática de crimes ou
improbidade. "Esta ação não trata de fato novo. Decorre da investigação
em curso no STF e sobre a qual já me manifestei e reafirmo: que força
teria eu, então líder de oposição, para facilitar a liberação de
recursos no BNDES, à época órgão financeiro impenetrável do PT? Repilo
esta acusação com veemência, mas me mantenho à disposição da Justiça
para os esclarecimentos que se fizerem necessários", disse.
Pedidos
A ação de improbidade pede a condenação de Agripino e Léo Pinheiro por
enriquecimento ilícito, com a perda dos bens ou valores envolvidos (no
total de R$ 904.224); perda da função pública; suspensão dos direitos
políticos de oito a dez anos; pagamento de multa de até três vezes o
valor do acréscimo patrimonial; e proibição de contratar com o poder
público pelo prazo de dez anos.
Segundo o MPF, entre 2012 e 2014, José Agripino recebeu no mínimo R$
654.224 por meio de depósitos fracionados em sua conta e, pelo menos,
outros R$ 250 mil disfarçados em “doações eleitorais” ao Diretório
Nacional do DEM, presidido por ele. Em sua delação, o doleiro Alberto
Youssef confirmou ter enviado quantias em dinheiro a Natal (R$ 3 milhões
entre 2011 e 2014), para atender a “interesses” da OAS, que na época só
possuía o estádio como obra de grande porte no estado. Os depósitos
para o senador foram exatamente em datas próximas à vinda dos emissários
do doleiro.
Entrave
Ainda conforme a denúncia, a principal atuação de Agripino em prol da
empreiteira foi a ajuda na liberação de parcelas do financiamento do
BNDES para a obra, em 2013. Naquele ano, essa liberação dependia de um
aval do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN) quanto ao projeto
executivo da arena. Caso o tribunal apontasse sobrepreço ou
superfaturamento, as parcelas seriam suspensas.
A OAS, no entanto, não havia apresentado ao TCE o projeto executivo
completo e, dessa forma, não havia como o tribunal atestar a
regularidade. Léo Pinheiro, então, solicitou a intervenção do senador e
este chegou a reunir, em seu próprio apartamento, o relator do processo
no TCE junto com representantes da empresa e do Governo do Estado.
O tribunal potiguar nada comunicou ao banco, nem ao Tribunal de Contas
da União (TCU), e os repasses do financiamento continuaram ocorrendo
normalmente. Somente em 2016 a área técnica do TCE-RN analisou os
elementos apresentados pela OAS e constatou sobrepreço e
superfaturamento totalizando R$ 77.532.187,35.
Relação
Durante a Operação Lava Jato, foram resgatadas mensagens trocadas entre
o senador e o empresário tratando de encontros, troca de presentes e
até mesmo a solicitação de uma aeronave para fins particulares pelo
parlamentar.
Os dados telefônicos comprovam 124 chamadas entre os dois, de 2012 a
2014. “Os elementos da investigação mostram que se tratava de
relacionamento baseado em troca de favores e benefícios espúrios”,
reforça o MPF.
G1RN.
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