Paiva Netto
Reitero o fato que venho
alertando há muito tempo: a Solidariedade expandiu-se do luminoso campo
da ética e apresenta-se como uma estratégia, de modo que o ser humano
possa alcançar a própria sobrevivência. À globalização da miséria
contrapomos a globalização da Fraternidade Ecumênica, que espiritualiza a
Economia e solidariamente a disciplina, como forte instrumento de
reação ao pseudofatalismo da pobreza.
Daí o
indispensável valor da Caridade. E observem que não é de hoje que a tese
de que “a Caridade não resolve nada” tem a defesa de alguns que
atribuem a ela — acreditem — a manutenção do status quo, em que a
pobreza e a miséria são apenas maquiadas por uma ineficiente ação
assistencialista.
Esse tipo de postura carece,
contudo, de um entendimento do real papel da Caridade na melhoria das
condições de vida das populações. Vale notar, entretanto, que a defesa
da inoperância dela, mesmo equivocada, chama a atenção para o combate à
inércia e à covardia de muitos que, podendo auxiliar no incentivo e no
crescimento social dos povos, preferem esquivar-se com parcas e míseras
esmolas. Se bem que, para aquele que está com fome, toda ajuda é
bem-vinda.
Disse o Profeta Muhammad (570-632) —
“Que a Paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele!”: “Jamais
alcançareis a virtude, até que façais caridade com aquilo que mais
apreciardes. E sabei que, de toda caridade que fazeis, Allah bem o
sabe”.
A Caridade, aliada à Justiça, dentro da
Verdade, é o combustível das transformações profundas. Sua ação é sutil,
mas eficaz. A Caridade é Deus.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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