Recomendação
preliminar rejeita a incorporação do Spinraza® (nusinersena) para
atrofia muscular espinhal tipo 1 no Sistema Único de Saúde (SUS). No
entanto, a sociedade pode ajudar a reverter essa decisão por meio da
consulta pública (CP)
O
Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), rejeitou, em sua
recomendação inicial, a incorporação do Spinraza® (nusinersena)
ao SUS. Agora, médicos, pacientes, familiares, cuidadores, entre
outros, têm até o dia 17 de setembro para opinar sobre essa decisão. A
Consulta Pública nº45 está disponível no próprio site da Conitec, pelo link http://conitec.gov.br/index. php/consultas-publicas.
O
Spinraza® é o único medicamento disponível no mundo para tratar a
atrofia muscular espinhal (AME). Para Fátima Braga, da Associação
Brasileira de Atrofia Muscular Espinhal (Abrame), a recomendação inicial
da Conitec é desanimadora. "Estamos acompanhando o desenvolvimento
desse medicamento há anos. Fizemos uma grande pressão sobre a companhia
e o governo para que ele fosse registrado e precificado o mais rápido
possível, e conseguimos isso em tempo recorde. Agora, temos que nos
mobilizar para mostrar, na consulta pública, o quão transformador essa
inclusão pode ser na vida dos pacientes".
A
Biogen Brasil, farmacêutica que detém o registro do medicamento,
explica que o Spinraza® já foi registrado sem restrições em diversos
países, como Estados Unidos, Japão, Canadá, Alemanha, e o próprio
Brasil. Também já são cerca de vinte países que dão acesso a uma
população ampla de pacientes. "O medicamento, além do programa de
desenvolvimento clínico que possibilitou seu registro, já apresenta
também estudos de vida real que sustentam os benefícios para
pacientes com distintas faixas etárias e gravidade da doença. Ele
realmente muda o curso natural da doença", explica Marcelo Gomes,
diretor médico da empresa.
A
companhia também explica que, no contexto de doenças raras, o uso dos
estudos de custo-efetividade - metodologia que a Conitec levou em
consideração para sustentar a não incorporação do Spinraza® - não é
pacificada por parte das agências de Análise de Tecnologias em Saúde e
da comunidade científica. Dentre as dificuldades, pode-se destacar a
existência de conflitos éticos e limitações técnicas. "Dos poucos
remédios para doenças raras disponíveis no SUS, a maioria não
apresentou os estudos de custo-efetividade. São poucos, é verdade, mas
todos tão importantes para a vida dos pacientes quanto o nusinersena
para quem tem atrofia muscular espinhal", argumenta Fátima.
"Os
pacientes que sofrem com atrofia muscular espinhal não têm outra opção
de tratamento medicamentoso. Atualmente, essa é a única tecnologia
disponível para tratar quem sofre com a enfermidade. Com isso, também é
de suma importância que médicos e profissionais da área da saúde
participem da consulta pública e deixem a sua contribuição" pondera o
Dr. Edmar Zanoteli, médico neurologista.
A
CP é uma etapa central para definir o rumo do medicamento na rede
pública: Uma vez analisadas as contribuições, a Conitec deve novamente
deliberar o uso do Spinraza® no SUS "Acreditamos na Conitec e em sua
equipe técnica. E mais ainda na voz de toda a comunidade de AME, que
tanto espera por esse medicamento. Vamos participar ativamente da
consulta pública e demonstrar a importância dessa incorporação", afirma
Fátima.
A AME é uma doença rara que afeta, aproximadamente, entre 7 a 10 bebês em cada 100 mil nascidos vivos (Verhaart I E C. et al,
2017), sendo a maior causa genética de morte de bebês e crianças de até
dois anos de idade. A enfermidade é caracterizada pela perda de
neurônios motores na medula espinhal e tronco cerebral inferior,
resultando em atrofia muscular progressiva e grave. Em último caso,
indivíduos com tipos mais graves de AME podem perder seus movimentos e
ter dificuldades de executar atividades motoras básicas, como respirar e
engolir. Ela pode começar a se manifestar em diferentes fases da vida
e, quanto mais cedo aparecem os primeiros sintomas, maior é a gravidade
da doença.
A
doença é classificada clinicamente em tipos (que vão do tipo 0 ao 4),
com base no início dos sinais e sintomas e nos marcos motores atingidos
pelos pacientes. Todos os sinais e sintomas tem como base a fraqueza,
atrofia (diminuição de tamanho) e hipotonia (flacidez) musculares.
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