Para SBOC, realização de exames periódicos e acompanhamento com médico da família fortalecem iniciativas de prevenção

Desde
que se tornou ministro da Saúde, em janeiro, Luiz Henrique Mandetta
afirmou que uma de suas prioridades é aprimorar a atenção básica no
Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, criou a Secretaria de Atenção
Primária à Saúde (SAPS) - antes chamada apenas de Atenção Primária à
Saúde (APS). Essa mudança
representa um avanço, pois ao ser categorizada como uma Secretaria do
Ministério da Saúde, o tema passa a ter mais destaque e prioridade no
SUS. O principal objetivo da SAPS é expandir e qualificar serviços por
meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Contando
muito com o apoio dos médicos da família, profissionais generalistas
com alta capacitação, aptos a resolver grande parte dos casos de atenção
básica, a ESF busca promover qualidade de vida ao intervir em fatores
que colocam a saúde em risco, como sedentarismo, má alimentação e
tabagismo.
"É
comum o oncologista ver o paciente parar de fumar depois do diagnóstico
de câncer, por causa do impacto emocional da doença. Mas é o médico de
família, que acompanha aquela pessoa de perto ao longo da vida, que tem
maior poder de influenciar essa decisão antes de as complicações
surgirem", afirma Dr. Duílio Rocha, oncologista da Sociedade Brasileira
de
Oncologia Clínica (SBOC).
Quando
o sistema de atenção primária é bem estruturado, o vínculo
médico-paciente é muito maior, o que permite aos profissionais terem
atitudes como essa, que estimulam melhorias nos hábitos constantemente.
Também é fundamental para incentivar a população a realizar exames
preventivos. Segundo pesquisa realizada em 2017 pela SBOC sobre atitude e
estilo de vida do brasileiro em relação ao câncer, apenas 49% dos
entrevistados disseram fazer check-ups.
Além
da criação da SAPS, em agosto o ministro lançou o programa Médicos Pelo
Brasil, que vai substituir o Mais Médicos. O projeto promete ampliar o
acesso à saúde nas áreas mais carentes do país, diferenciando a
remuneração de acordo com a região, a fim de incentivar profissionais a
atuarem em locais mais afastados. Anteriormente, o
salário era o mesmo independentemente do local de atuação.
Outras
mudanças incluem formação obrigatória dos profissionais em Medicina de
Família e é necessário que o profissional tenha registro no Conselho
Regional de Medicina (CRM) brasileiro e seja contratado pelo regime da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – antes os médicos podiam ter
estudado no exterior e recebiam uma bolsa-auxílio.
REALIDADE DESEJADA
O National Health Service
(NHS) é o sistema de saúde governamental do Reino Unido, que serviu de
inspiração para a criação do SUS. É o maior e mais antigo conjunto
público de saúde do mundo. Um levantamento realizado em 2011 pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a Política Nacional de Atenção
Oncológica no Brasil
concluiu que 12,5% dos pacientes brasileiros foram diagnosticados em
estágio avançado (IV) em comparação a 3,1% no Reino Unido.
Considerando
todos os tipos de câncer, 45,9% dos casos brasileiros são
diagnosticados em estágios avançados (III e IV), segundo dados das
Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade (APAC) de 2016. Já na
Inglaterra, entre 2012-2013, apenas 30,1% dos casos foram
diagnosticados neste mesmo estágio.
Outro
ponto em que o país serve como exemplo é em relação a coleta de dados
sobre câncer. O sistema inglês reúne informações amplas e profundas
sobre os pacientes e tratamentos em oncologia, incluindo dados
demográficos, tempos de espera, diagnóstico, estadiamento da doença,
linhas de tratamento, entre outras. Essas informações
são utilizadas com dois propósitos principais: manter um histórico
completo dos pacientes e compartilhá-lo com os médicos que os tratam e
realizar pesquisas e monitoramento, que visam melhorar a eficiência do
sistema de saúde.
Diante
desse cenário, não há dúvidas que muito deve ser feito e de que é
possível modernizar o SUS, reproduzindo modelos de países-referência
para que os pacientes tenham acesso aos tratamentos mais inovadores. Um
dos pilares da SBOC é disseminar informações confiáveis para a
população, como o guia de prevenção do câncer.
A Sociedade reconhece a importância da adoção de melhores práticas em
atenção primária e está engajada em contribuir com essa mudança
enfatizando a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer.
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