Especialista explica a importância de iniciar o controle da complicação na primeira hora após o início do sangramento

A
hemorragia pós-parto (HPP) é uma das principais responsáveis pelos
altos índices de mortalidade materna em todo o mundo. Atualmente, no
Brasil, o número
também é bastante elevado: a cada 100 mil bebês nascidos vivos, 64,5
mulheres vão a óbito, sendo a HPP a segunda maior causa dessas mortes no
país. O sucesso no tratamento da complicação depende de diversos
fatores, entre eles, o diagnóstico precoce, principalmente
durante a chamada “Hora de Ouro”, primeira hora após o início do
sangramento.
“Esse momento se refere ao período no
qual as medidas para controle da hemorragia pós-parto devem ser
instituídas, com o objetivo de reduzir os atrasos, que podem levar aos
desfechos mais graves, como o óbito materno”, destaca
a especialista Samira Haddad, médica obstetra, com doutorado em
Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Cada gestante apresenta quadros
diferentes na hora do parto, por isso, nem sempre é possível identificar
um risco prévio, porém alguns fatores podem aumentar a ocorrência da
HPP: presença de cesariana anterior, gemelaridade, placenta
prévia (quando cobre a abertura do colo do útero), acretismo
placentário (placenta ultrapassa os limites de dentro do útero), uso de
ocitocina para condução do trabalho de parto, macrossomia fetal (o feto
apresenta mais de 4kg), entre outros.
Entretanto, segundo a especialista, é possível tomar algumas atitudes que auxiliam no diagnóstico precoce de complicações, como:
·
Aferir os
sinais vitais (pressão arterial, pulso e temperatura) periodicamente em
todos os momentos da gestação, durante e após o parto.
·
Verificar as contrações uterinas, monitorar o feto e a presença de perdas vaginais durante o trabalho de parto.
·
Após o nascimento, avaliar o sangramento puerperal e também a contração do útero.
“A hemorragia pós-parto se
instala de maneira abrupta e agressiva na maior parte das vezes, ou
seja, o sangramento é volumoso e rápido, podendo levar a grandes perdas
de sangue e choque em minutos, por isso é necessária
a presença de uma equipe de profissionais capacitados para lidar com
essas situações adversas”, ressalta. Além disso, o acesso rápido a
medidas de prevenção e tratamento também é essencial.
Atualmente,
a opção de terapia mais conhecida para a hemorragia pós-parto é a
aplicação intravenosa de ocitocina sintética, uma versão do hormônio
naturalmente produzido por parturientes.
Entretanto, o medicamento é termo sensível e precisa de refrigeração
entre 2ºC e 8ºC, limitando assim o transporte e o armazenamento, motivo
possivelmente envolvido na ocorrência de mais mortes em áreas mais
afastadas dos centros urbanos.
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