
Com fitas e balões dourados, crianças
e adolescentes em tratamento oncológico e seus familiares, funcionários da
Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região e da Liga
Mossoroense de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) convidam a população a
abraçar a causa do Setembro Dourado. O convite será feito através de uma ação
marcada para a próxima terça-feira, 10, em frente ao Hospital Santa Luzia.
A atividade terá início às 9h, durante
o período de atendimento da onco-hematologista infantojuvenil, Edvis Serafim,
que está à frente da iniciativa. Os presentes amarrarão fitas douradas em uma
árvore, em seguida farão um momento de oração e finalizarão soltando balões.
Já no dia 21 deste mês, adolescentes
que alcançaram a cura do câncer participarão de um encontro para celebrar a
vida e compartilhar a esperança. O encontro será realizado na Unidade da AAPCMR localizada no bairro Costa e Silva.
Entre tantas cores, o mês de setembro
se reveste também de dourado para alertar a população sobre a
importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. Essa patologia representa
a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19
anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
A escolha da cor para representação do
tema faz alusão à preciosidade da criança. “O dourado foi escolhido por ser
ouro, a criança é ouro”, explica a onco-hematologista infantojuvenil, Edvis
Serafim. Ela lembra que durante o mês são realizadas ações com o objetivo de
que o diagnóstico seja realizado precocemente para que essas crianças consigam
ter cura, com qualidade de vida.
Diagnóstico
precoce: o aliado na luta contra o câncer
Quando o diagnóstico ocorre precocemente,
as chances de cura aumentam. “No mundo, essa estatística está em
torno de 80% a 90% de cura. No Brasil, se eles chegassem cedo, como chegam havendo
serviço especializado, seriam essas mesmas chances. Nós estamos, de maneira
geral falando, porque nós temos muitos diagnósticos tardios no Brasil, em torno
de 70%. Mas isso cai em consequência do diagnóstico tardio”, informa a onco-hematologista, Edvis Serafim.
Com relação aos tipos mais incidentes
da doença, a médica informa que a leucemia ainda é o mais frequente, seguida
de tumor cerebral, linfomas e osteossarcoma.
A
onco-hematologista alerta para o
fato de que os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil são muito
parecidos
com os de outras doenças, o que dificulta o diagnóstico diferencial.
Isso reforça a necessidade de atenção. “Estar alerta a uma criança com
uma
febre de origem inespecífica ou aquela febre que a criança está há dez
dias,
doze dias, que não é amigdalite, não é pneumonia, o médico não
consegue
determinar uma causa; uma palidez que a criança teve, que não é uma
anemia
por falta de alimentação, a criança rapidamente ficou pálida,
associada a muita
dor óssea, não é aquela dor do crescimento no finalzinho da tarde, é
uma dor
que a mãe precisa dar medicação. Então, uma febre de origem
inespecífica, uma
dor óssea e uma anemia são as três coisas, em conjunto, que mais
fecham o
diagnóstico de uma leucemia, que é a principal causa”, cita Edvis
Serafim.
A mudança de comportamento é outro
fator que requer atenção e os professores podem auxiliar nesse ponto. “No
colégio seria as professoras observarem diferença de comportamento. A gente
precisa dar o diagnóstico de tumor cerebral bem cedo, que é um dos nossos
problemas do diagnóstico tardio. A criança tem alteração de comportamento e
ela vomita só pela manhã, nós não sabemos a causa, mas é esse um dos sintomas”,
acrescenta a médica.
Além disso, ela alerta em relação a um
sintoma que pode estar associado a tumores ósseos. “O adolescente que está em
fase de crescimento que tem uma dor localizada só naquele osso, muita dor que
precisa tomar analgésico”, esclarece. Nesse caso, o diagnóstico precoce também
pode evitar a perda de membros. “Nos adolescentes os tumores ósseos deveriam
chegar mais cedo para evitar a amputação”, diz.
A
médica ressalta a importância de atentar aos sinais e sintomas e
procurar atendimento médico. “O nosso grande alerta é sempre que
uma mãe, um professor ou um educador vir uma criança diferente do
normal,
orientar a família, procurar o médico do posto de saúde, conversar e
daí ele
está capacitado para encaminhar para o serviço para realizar
diagnóstico”,
orienta, acrescentando que, caso a criança não tenha câncer, ela
retornará à
unidade básica, já em caso de diagnóstico de câncer, ela deve dar
prosseguimento ao
tratamento no serviço especializado.
Dados
do INCA
Estimativas
do Instituto Nacional de
Câncer apontam para o surgimento de 12.500 novos casos de câncer
infantojuvenil em cada ano do biênio 2018-2019. Ainda de acordo com o
Instituto, com base no Atlas de Mortalidade por Câncer, em 2015 foram
registradas 2.704
mortes por câncer infantojuvenil.
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